quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Para começar em grande...

Eu sou palerma.


Um belo tema para uma pequena crónica. O que é então a palermice? Que efeitos tem o acto de aparvalhar? Que visão tem a sociedade deste tema que não é normalmente abordado?
Do alto dos meus baixos 18 anos, em grande parte dedicados à parvalhice, posso sem grandes rodeios dizer que a Parvalheira é um culto, um estilo de vida, um horizonte deixado de parte pela sociedade materialista em que vivemos, que nem um veganismo ou um azeitorismo. Nós, os aparvalhados, somos criticados, rebaixados e rejeitados por aqueles que não compreendem inteiramente o que nos move e o que fazemos mover.
Em que consiste então ser palerma? Ser palerma não é o mesmo que ter problemas mentais. O facto de uma pessoa ter tendências aparvalhadas não significa que tem de sofrer uma lobotomia de urgência! Não! Um palerma é uma pessoa! Uma pessoa como qualquer outra! Um palerma é um ser humano que dedica uma parte relativamente significativa do seu tempo útil à execução de acções que não fazem sentido para a maior parte das pessoas que o rodeiam.
E que acções são essas? Imensas. Várias! Demasiadas e demasiadamente espontâneas e originais para serem dactilografadas num espaço tão limitado. Mas envolvem desde momentos de reflexão em espaços destinados à higiene pessoal, a demonstrações públicas de tradições de regiões ainda não descobertas pelos humanos. Encontramos dialectos que se caracterizam pelo uso inadequado de palavras como “tetinhas” ou “tutinhas” e movimentos físicos que podem ser assemelhados a danças típicas de tribos murankakutaz da Amazónia profunda.
Com comportamentos tão fora da norma criada pela sociedade, o típico palerma encontra várias dificuldades no seu dia-a-dia, dificuldades essas normalmente ultrapassadas pela inserção num “bando” de pessoas que partilham características semelhantes às suas. Sim, apenas semelhantes, pois um dos preceitos para a palermice é a singularidade. Na realidade, não há dois palermas iguais, os palermas completam-se mutuamente.
Os “bandos” apalermados podem ser normalmente encontrados ligeiramente afastados da sociedade, em situações um pouco aparte da restante multidão, mas sempre perfeitamente integrados no ambiente que os rodeia, porque sim, é verdade, apesar de a sociedade não aceitar o palerma, a natureza aceita e abraça com os seus verdes braços maternais.

Bom Natal, Obrigada e Voltem Sempre,

Anetxi , Aparvalhada Sénior do Conselho Internacional Para o Desenvolvimento Parvo.

3 comentários: